Crítica do filme “High and Mighty”

reel-rock-cartazLogo no início da difusão e da popularização dos filmes outdoor, o foco das lentes estiveram quase que exclusivamente viradas para feitos heroicos, quebra de recordes, e estabelecimento de novos limites.

Apostando na linha de prensamento “no limite da vida”, a produtora americana Sender Films criou obras interessantes como seu ultra premiado “Alone in the wall“, o bom “Sharp End“, e o mediano “Valley Uprising“, estabelecendo assim um padrão de realização que flertava bastante com reality shows dada a importância em demasia aos números e expressividade do feito esportivo.

Toda esta importância em demasia depositada na grandiosidade dos feitos foi copiada, cada um a seu estilo mas de maneira diferente, por outros produtores, e com o tempo acabou gerando uma demanda que parecia infinita.

Porém com o tempo, e a quantidade filmes seguindo a mesma fórmula, o público foi amadurecendo o olhar e sentindo a necessidade de ver algo diferente do lugar comum.

Mostrar o lado humano dos atletas e junto com sua superação mostrar os conflitos internos que viveu para superá-los e mostra-los mais como pessoas comuns e não como heróis.

Todos os diretores que optaram por mostrar mais do ser humano, e menos da procura insana por quebra de recordes e graus obtiveram destaque e colecionaram premiações relevantes.

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Bilheteria de cinemas nunca será o fator primordial que meça o sucesso de filmes outdoor, e como vivemos em dias de exibições de filmes sob demanda é mais fácil mensurar se uma obra agrada ou não o público pelo número downloads que obtêm, assim como o montante de execuções.

Pode parecer uma matemática cruel, mas um vídeo com poucas vezes tocado (o popular “play”) é uma indicação que o conteúdo dele não agradou o público alvo.

Por maior que seja o valor gasto no marketing de um filme, ele não garante que o filme seja sucesso de downloads junto ao público alvo. Exemplos desta linha de pensamento não faltam, mas basta citar o exemplo das “obras” de Adam Sandler, que conseguem desagradar o público alvo e a crítica especializada.

No filme “High and Mighty” da produtora Sender Films mostra um evidente amadurecimento por parte da produtora, a qual se esforçou para criar um atmosfera mais perto do comum, assim como evidenciar o lado humano dos personagens.

A produção “High and Mighty” documenta a historia do escalador Daniel Woods que tinha como objetivo encadenar uma linha de boulder chamada de “The Process” (graduada em V16).

O que parecia tarefa fácil para Woods, que é considerado dos boulderistas mais fortes do mundo, torna-se um drama interessante: o atleta tem pavor de linhas “high ball” de boulder.

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O estilo “high ball” consiste em escalar uma linha de boulder muito alta e no caso de uma queda há uma grande probabilidade de lesão do escalador.

O roteiro opta por contar a história desta subdivisão de estilo existente na prática do boulder de maneira clara e didatica, assim “High and Mighty” faz com que a auto-referência comum em obras existentes da modalidade parecem coisas do passado.

Pela clareza de explicações, assim como bom número de depoimentos, evidência que os “rock porn” (escaladores com música de fundo acompanhando seus grunhidos) são coisa de produtores amadores.

Detalhes como focar mais no rosto (e não somente nos músculos), captação de som da respiração de Daniel Woods ressalta mais ainda a limitação que ele se impõe em momentos de dificuldade, mostram uma preocupação maior com o lado humano de cada personagem.

As várias tentativas de Woods de finalizar uma linha de boulder high ball de graduação V16, assim como os recursos extra-escalada buscados por ele causam empatia do público de imediato.

Ao final, apesar de óbvio, consegue realizar a sensação catártica das melhores produções outdoor.

Mas ao final “High and Mighty” fica nítido que é muito mais que apenas um filme, e sim uma guinada da Sender Films para produções mais humanas e maduras, e fica claro que estão procurando se reinventar e fugir do lugar comum que suas últimas produções mostraram.

O filme ao seu final consegue deixar o público, boulderista ou não, com um sorriso no rosto pela qualidade daquilo que foi mostrado, uma história real e humana de um superatleta.

Nota Revista Blog de Escalada: 

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