Crítica do filme “Fittest on earth”

fittest_on-earth-1Todos os anos é realizado o CrossFit Games, uma espécie de campeonato mundial de praticantes da novíssima modalidade esportiva, no qual os vencedores podem ostentar (segundo os próprios organizadores) como as pessoas mais em forma no mundo. A seleção de atletas para participar do evento é realizada em diversas etapas para que somente a elite dos praticantes possam competir no evento.

O documentário “Fittest On Earth” foca principalmente nos bastidores de diversos favoritos, tanto nas categorias masculina quanto na feminina, e no esforço de cada um para conseguir ganhar o título. Como todo o evento é transmitido pela internet no canal oficial da CrossFit, assim como foi cada etapa de eliminatórias e de todas as categorias, havia a expectativa que o filme caísse no mesmo erro de “Froning – The fittest man on history“, que acabou sendo uma coletânea de vídeos já disponibilizados na internet utilizando excessivamente o mesmo recurso de câmera lenta.

Muito provavelmente os diretores Heber Cannon, Marston Sawyers e Ian Wittenber devem ter percebido este tipo de deslize, que muito provavelmente impactou na popularidade e vendas do produto anterior, e resolveram oferecer ao público um produto que pudesse interessar a todos. Nesta abordagem todos os personagens tiveram o mesmo destaque, tanto nas suas vitórias quanto nos seus rendimentos abaixo da média, com isso a temática do CrossFit ganhou em qualidade.

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Mostrando detalhes de cada etapa, como também os bastidores da vida de cada atleta, o roteiro apostou na humanização de cada super-atleta do esporte e em como é sofrido a busca de um título. Sabiamente os diretores optaram por focar não somente no sofrimento e desgaste físico, mas no tipo de pressão, física e psicológica, que sofre um atleta de elite em uma competição de alto nível.

As declarações em entrevista de cada atleta para reconstruir seus sentimentos durante o decorrer da competição trouxe o expectador mais perto de cada um deles, conseguindo criar uma atmosfera de imersão no filme.

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Este tipo de recurso permitiu que quem assistisse se emocionasse com as declarações e com o esforço realizado por cada atleta, não colocando torcida a ninguém. Assim “Fittest on Earth” tornou-se uma obra muito próxima do que é a realidade de um atleta de elite, sem se preocupar com clichês de superação utilizados em demasia em produções do gênero. A grande qualidade do documentário é provocar a empatia do expectador com cada um dos atletas, trazendo uma realidade que pouco é mostrada: atletas de elite tem outra relação com a dor do que as pessoas comuns.

Isso fica evidente quando no primeiro dia a organização fez com que atletas corressem com coletes para hipergravidade em um sol escaldante e tempo seco. Fica explícito nas imagens que todos estavam sofrendo horrores e em níveis absurdos, porém todos engoliram o choro e seguiram em frente para completar a corrida, para logo após esconder na primeira sombra que houvesse perto. Sem pudor nenhum o filme mostra também atletas em banheiras de gelo para acelerar o relaxamento muscular e fazendo várias sessões de massagens para conseguir terminar a competição mais perto do topo do pódio. Todas estas imagens são mostradas com crueza aliada a uma naturalidade incomum.

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Mas nem tudo são elogios a “Fittest on Earth”, que também repetiu velhos pecados de suas produções como, por exemplo, não explicar as regras dos jogos, nem quantas etapas são realizadas. Deixou de lado também uma pequena introdução sobre o esporte e a criação dos Games, que deve ter deixado o público leigo desnorteado em boa parte do filme.

Próximo da metade algumas imagens parecem se repetir sucessivamente, assim como as mesmas situações, dando a impressão de ter uma grande barriga no roteiro para estender a produção para mais tempo do que o necessário.

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É necessário elogiar também um outro aspecto: em nenhum momento do filme houve preocupação em mostrar a beleza dos corpos, nem de nenhum atleta em específico. Todos ali eram, de fato, máquinas humanas de potencial físico extremo e isso, deve-se deixar claro, é uma qualidade e não um defeito. Pois não há a exploração do corpo, e sim uma documentação dos bastidores de um atleta, e o desejo visceral de se superar.

A média de tantos acertos, e alguns erros que parecem recorrentes em produções sobre o esporte, “Fittest on Earth” é, em linhas gerais, uma produção que mostra um amadurecimento no olhar de documentaristas com relação ao CrossFit e na maneira que atletas de alto desempenho encaram uma competição.

Nota Revista Blog de Escalada: 

O filme “Fittest on Earth” está disponível para visualização no Netlfix

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