Crítica do filme “Desde Cero”

desde-cero-capaO jornalista Nelson Rodrigues escreveu na época anterior à copa do mundo de 1958 que o brasileiro tinha complexo de vira-latas.

Escutando a música “Latinoamerica” da banda Calle 13 conclui-se que este tipo de sentimento não é incomum aos países da América Latina, até porque historicamente fomos colonizados com mão de ferro, e incorporamos muitos costumes e cultura que nos prejudica.

Para os que acreditam em teoria da conspiração, parece que há um plano que sempre faz com que entremos em alguma situação que nos faz pensar que realmente somos vira-latas.

Aquele velho sentimento de que parece que nunca se consegue nada, e sempre existe o sentimento de que se vive somente para perder.

Procurando realizar uma obra que tocasse a autoestima de seu país, e de todos que a assistirem, os produtores da mexicana Lumática Filmes realizaram o filme “Desde Cero”.

“Desde Cero” documenta a história de Héctor Ponce de León, um montanhista mexicano respeitado em todo o seu país, e reconhecido por outros grandes nomes do esporte em seu país.

Procurando construir o protagonista desde o início de sua vida com depoimentos de amigos, familiares, e principalmente, de personalidades do esporte o perfil de Hector é traçado.

A motivação do atleta para o desafio foi : sair de uma região praiana e em até 15 horas chegar ao cume de uma montanha de 5.000 metros acima do nível do mar, realizando três esportes diferentes: bicicleta, corrida e montanhismo.

Durante o desafio, Hector ainda troca de tipo de bicicleta “pisteira” para uma mountain bike.

Tudo isso em um só dia apenas, sem muito tempo de descanso, apenas uma equipe de logística que monitora sua saúde e que o ajuda em alguns aspectos.

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Durante toda a aventura, são pontuadas com declarações do próprio Hector, explicando de onde tira a sua motivação e sua visão única e singular sobre competições e competitividade.

Pontuando suas declarações algumas frases motivacionais, que pela simplicidade e objetividade toca o público diretamente, tendo assim uma empatia quase instantânea.

Pela dinamicidade com que documenta cada passagem a cada dificuldade, “Desde Cero” destaca-se também pelo tom mais motivacional que o filme vai adotando à medida que visivelmente vai chegando ao final do desafio.

Detalhes interessantes como o desgaste físico de Hector, e como as pessoas o motivavam, e se impressionavam com sua força física e mental mantêm uma tensão na espera de um que final que seja catártico.filme-desde-cero-5

Próximo ao seu final de pouco mais de 50 minutos, o filme termina de maneira apoteótica, mostrando um atleta e sem exageros que o torne um herói ou acima de qualquer outra pessoa.

Assim como a já citada música da Calle 13, é natural a identificação com o personagem, e com a temática de todo o filme.

Mesmo sem contar com uma fotografia de impacto, com cenas de beleza fotográfica do estilo do National Geographic, a produção procura apoiar-se em algum mais relevante: a história de um ser humano.

Esta mesma história é contada em uma edição de imagens impecável, e roteiro de igual qualidade.

Porém a força do filme reside em um roteiro muito bem escrito e executado, e na personalidade magnética de Hector, que mesmo sendo exaltado durante todas as declarações, mostra-se humilde e determinado.

“Desde Cero” é um filme já nasce com status de obrigatório e pode ser considerado referência pela sua maneira de abordar o montanhismo, na qual explica os motivos que levam pessoas às montanhas.

Nota Revista Blog de Escalada 

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