O livro “Senhor dos Anéis” ficou conhecido por formar toda uma mitologia própria e com isso arrebanhar muitos fãs além de praticamente criar um estilo de literatura não muito desenvolvido à época.
O autor dos livros também era conhecido por ser extremamente detalhista, descrevendo a história de tudo e todos que estravam em cena, gerando assim longas e maçantes leituras tamanha a sua preocupação em descrever tudo.
Este mesmo tipo de “estatégia” parece acometer quem realiza alguns filmes, colocando detalhes e descrições que apenas estendem o filme tornando-o arrastado e lento.
O filme “Between Places” possui pesadamente esta característica de se apegar excessivamente em cada imagem captada, cada diálogo gravado e cada opinião cedida além de sempre estar explicando cada movimento que acontece em cena.
A produção documenta a história de três exploradores que partem para a Groelândia à procura de montanhas para escalar, e viajam para seu destino à bordo de um veleiro.
Cada biografia de cada um dos integrantes da aventura é mostrada separadamente, até que o grupo se encontra e encara o desafio nunca realizado por eles.
Cada história é separada didaticamente por animações de boa qualidade, e narrada pela voz do próprio personagem.
Entretando, partes que poderiam ser mais interessantes, como a viagem em veleiro, foi pouco explorada por conta do tempo excessivo gasto na construção de cada personagem e suas habilidades.
Apoiando-se sempre em imagens de alta qualidade que exaltam a beleza da natureza e domínio de linguagem fotográfica do cinegrafista, “Between Places” parece não sair do lugar até pouco mais de sua metade.
Esta sensação de estar estático vem muito do foco excessivo e extremamente didatico que o diretor Henrik Rostrup impôs ao filme.
Muitas cenas de introdução de personagens parecem ter sido colocadas apenas para aumentar a duração da produção, tornando várias passagens apenas contemplativas e contribuindo pouco com a história.
Sem dúvida nenhuma o ponto forte de “Between Places” reside na direção de fotografia, que evidencia o domínio de linguagem e composição fotográfica.
Mas um filme necessita de ter uma história, pois produções apenas baseado em imagens se assemelha mais a uma propaganda televisiva do que algo mais elaborado.
Mas apoiar-se apenas neste aspecto de detalhismo com imagens contemplativas escessivamente faz com que o filme fique arrastado e extremamente lento.
“Between Places”, entretanto, ainda possui uma qualidade muito superior de outras produções rasas e feitas para ocupar espaços em canais à cabo.
Mas apesar de desta superioridade ainda assim ficou devendo em matéria de uma história que tornasse uma produção tão bem cuidada visualmente mais interessante e menos maçante.
Nota Revista Blog de Escalada:
O filme “Between Places” foi exibido durante o Rio Mountain Festival, e pode ser visto na ÍNTEGRA aqui
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.