Conheça o projeto inclusivo que leva a prática de escalada para pessoas com deficiência visual

Inclusão social é o conjunto de ações que combatem a exclusão de pessoas aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela classe social, educação, idade, deficiência, sexualidade, preconceito social ou preconceitos raciais. Para que uma camada da sociedade tenha direito a isso é necessário oferecer, especialmente aos mais necessitados, oportunidades de acesso a bens e serviços dentro de um sistema que beneficie a todos. Consequentemente integrar qualquer tipo de camada social na escalada e montanhismo, de preferência harmoniosamente, evita-se conflitos e o isolamento desta parcela da população.

O Grupo Paulista de Montanhismo (GPM) foi fundado com a missão de difundir e desenvolver a prática dos esportes relacionados ao montanhismo. Dentre os integrantes do grupo havia um desejo de realizar algo novo e que, pelo menos, fizesse a diferença na sociedade e não apenas na comunidade de montanha. Após avaliação do grau de maturidade e experiência dos integrantes da entidade junto com o tema, um certo tanto delicado diga-se, decidiram investir na iniciativa de levar à prática de escalada e montanhismo pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

A deficiência física é a alteração parcial, ou completa, de um ou mais segmentos do corpo acarretando no comprometimento da função física. A pessoa com mobilidade reduzida é aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa com deficiência, tem dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

Por ser o universo de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida muito grande, e por isso abranger um espaço amostral muito grande, os integrantes do GPM optaram, inicialmente, por investir a ação em grupo de deficientes visuais em um projeto-piloto.

Para se ter uma ideia do espaço amostral que abrange este tipo de parcela da população, somente no Brasil, segundo o último levantamento do IBGE, existem mais de 45 milhões de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Como não poderia deixar de ser os portadores desde tipo de limitação buscam, entre outras coisas, qualidade de vida através dos esportes. No universo desportivo os esportes de aventura introduzem novos desafios e motivações para estas pessoas e, consequentemente, afeta positivamente a autoestima e a autoconfiança delas.

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Diante deste quadro o Grupo Paulista de Montanhismo decidiu trabalhar voluntariamente neste tipo de inclusão social para melhorar a qualidade de vida dos portadores de deficiência e mobilidade reduzida dando a eles o necessário incentivo para os passos em um universo desconhecido e cheio de infinitas possibilidades. A principal meta a curto prazo do GPM com esta atividade é fazer com que ela faça parte de um calendario de eventos periódicos e tradicionais da entidade.

Após seleção feita pelo Grupo Paulista de Montanhismo (GPM), de acordo com parâmetros estabelecidos pelos idealizadores do projeto, foram selecionados para o projeto-piloto: Fernanda Araújo, diretora da BiobrTur (empresa de turismo especializada em esportes de aventura para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida), e Leandro Silva, profissional da área de Tecnologia da Informação.

Atividades

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

O projeto-piloto foi realizado pela entidade nos dias 16 e 17 de julho foi dividido em duas partes:

Durante a execução deste projeto-piloto foram identificadas as principais técnicas utilizadas em escalada para pessoas com deficiência visual.

Após uma análise criteriosa por parte dos organizadores da atividade a partir da eficiência de cada um dos participantes apenas algumas delas foram adotadas.

As técnicas que foram descartadas foram consideradas inadequadas ou de execução prática difícil.

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

No treinamento foram utilizada as seguintes técnicas, tanto para alunos como também para os instrutores que participaram de todas as atividades:

  • Para instrutores
    • Caminhada e desvio de obstáculos com os olhos vendados (dentro e fora da academia de escalada)
    • Escalada em vias com os olhos vendados
  • Para alunos
    • A apresentação dos equipamentos necessários para uma escalada
    • O reconhecimento tátil das agarras de escalada
    • Noções básicas de queda
    • Escalada controlada dentro da academia

Segundo os organizadores todo o treinamento correu dentro da normalidade, sem qualquer incidente grave registrado e, além disso, com todas as metas determinadas atingidas. Dentre as metas atingidas está incluída a subida na Pedra do Santuário, na qual ambos os participantes conseguiram chegar no objetivo final.

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Foto: Grupo Paulista de Montanhismo

Resultados

Segundo o Grupo Paulista de Montanhismo (GPM) o projeto-piloto foi considerado um sucesso em todos os sentidos, pois conseguiu vivenciar experiências, além de acumular informações relevantes que permitirão, em um futuro próximo, montar um evento anual de escalada para deficientes físicos e de mobilidade reduzida.

O projeto-piloto teve grande repercussão também entre os associados do GPM, além de feedback positivo das empresas que apoiaram a iniciativa.

Para maiores informações: http://gpm.org.br/

There are 3 comments

  1. LuiZ Andrade

    Senhores,
    Parece que meu comentário se perdeu, envio novamente.

    É muito interessante esse projeto do GPM, mas é preciso ser correto com a informação: NÃO é “inédito”… outros grupos/organizações já fizeram projetos similares antes, para e com pessoas com deficiência-visual (Por exemplo, ver ações do Grupo Terra).

    Parabéns pela matéria!
    Abraços,
    LuiZ

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