A conta no Instagram, Climbers Against Dick Pics, foi criada por escaladoras dos EUA como uma repreensão desafiadora a indivíduos que enviam mensagens e imagens abusivas e/o sexualmente inapropriadas. Grande parte é enviada por meio de mensagens privadas nas redes sociais. A conta se dedica a publicar capturas de tela com mensagens estranhas e inapropriadas enviadas por seus seguidores. A intenção é, além de denunciar, possibilitar que haja uma visão esclarecedora do que algumas escaladoras enfrentam.
Quando algum escalador atinge notoriedade, inevitavelmente aparecem paródias, memes e comentários desagradáveis estão abertos para todos. Este é, infelizmente, o preço da fama. Mas o recurso de mensagens diretas presente em quase todas as formas de mídias sociais permite, que o material explícito seja visto apenas para os olhos do destinatário. Além disso, a rede social também permite que as “turminhas” façam linchamentos coordenados, caso algum conteúdo a desagrade. Este tipo de comportamento é chamado cyberbullying.
Este tipo de comportamento pode parecer muito distante da realidade brasileira (escaladores sofrendo cyberbullying), mas quando associações, partidos políticos e personalidades de TV coordenam este tipo de ataque, como até mesmo a Revista Blog de Escalada sofre periodicamente, a situação vira caso de polícia. Porém uma investigação policial pode levar muito mais tempo do que o próprio ofendido tem de, ao mesmo tempo, digerir as ofensas e também ver a justiça punir os detratores.
Um dos principais problemas para a vítima do cyberbullying na hora de denunciar é a dificuldade de reconhecer o agressor, que normalmente se esconde por trás de perfis falsos e contas fictícias de e-mail para difamar, ridicularizar e humilhar seus alvos. Por isso, no caso do Brasil, é necessário que a vítima procure a Delegacia de Polícia mais próxima e faça o registro. A vítima denunciar ainda que nem saiba a autoria das agressões. A legislação brasileira prevê uma pena de até dois anos de detenção, dependendo do crime praticado na internet.
Historicamente, os atletas patrocinados nos principais esportes, tanto masculino quanto feminino, têm sofrido cyberbullying, além de abuso racista, sexista e homofóbico. As estrelas do esporte estão entre as celebridades mais admiradas do mundo, mas pouca pesquisa é feita sobre o abuso on-line vivenciado por estes mesmos atletas. Abuso os quais são também cometidos por outros atletas de menor expressão, apenas para acalmar as frustrações pessoais (como não conseguir patrocínio ou performance atlética igual).
Um estudo da Universidade de Bournemouth desenvolveu uma tipologia para entender os maus-tratos virtuais no esporte. Os pesquisadores argumentam que ao lado de pais, treinadores e outros atletas, os fãs também devem ser adicionados à lista de autores em potencial, apesar de seu papel como seguidores reverentes. Apesar de estarem atrasados em relação aos esportes tradicionais, como futebol, tênis e atletismo, as atletas de esportes outdoor, têm se manifestado constantemente sobre assédio online.
“A ideia veio de um bate-papo em grupo em que compartilhávamos o que recebíamos com os outros”, explica uma de suas criadoras do Climbers Against Dick Pics . A princípio, a comunidade de escalada respondeu bem à página, que agora tem mais de 6.000 seguidores. “Aumentou a conscientização sobre o assédio sexual que as mulheres enfrentam e criou conversas construtivas sobre o assunto. As pessoas estão enviando seus exemplos de DM diariamente”, comentaram as curadoras do perfil.
Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.