Você já escutou falar sobre o Caminito del Rey? A caminhada, para alguns constitui uma trilha, por entre penhascos com uma alta sensação de exposição, foi recentemente reformado e atualmente é bastante seguro. Não que tenha perdido a sua periculosidade, mas atualmente é um caminho para fazer e contar várias histórias.
O Caminito del Rey, que fica no cânion de los Gaitanes, na província espanhola Andaluzia (distrito de Málaga) é um dos trajetos de trekking considerado das mais perigosas do mundo. Sua periculosidade perde somente para o trekking Huashan na China.
Passando por paredes verticais com 300 metros de altura, toda em calcário, esculpidas pelo rio Guadalhorce, é um dos lugares que se pode encontrar escaladores de todo o mundo. O local de escalada da região é conhecido como El Chorro e conta com mais de 1.000 vias de escaladas conquistadas.
A graduação em El Chorro é bastante variada, com muitas vias de 5° Fr (15%), 6° Fr (45%), 7° Fr (30%) e 8° Fr (10%). Não vias de nono grau francês. A altura média das vias do local é de 20 metros, mas há algumas com até 230 metros.
História
A região, no início do século XX, necessitava de uma hidroelétrica para que a região se desenvolvesse. A encarregada disso foi a Sociedad Hidroeléctrica del Chorro, uma empresa criada em 1903 (mas dissolvida em 1967) na província espanhola de Málaga, sendo a segunda companhia hidrelétrica ibérica da história.
Enquanto a empresa, que era a proprietária de Salto del Gaitanejo e Salto del Chorro, localidades que estavam sendo construídas hidroelétricas, vislumbraram a necessidade de uma maneira que os operários pudessem fazer a manutenção. Transporte de materiais e vigilância dos locais.
Assim nasceu a iniciativa de construir pequenos corredores suspensos, em forma de prateleiras, para que os operários pudessem realizar as tarefas. Com esta “canetada”, iniciou-se as obras em 1901 e somente foram concluídas em 1905.
Entretanto, a hidroelétrica somente foi finalizada em 1921. Na sua inauguração o Rei Alfonso XIII foi prestigiar a nova obra. Diz a lenda que ele percorreu todo o caminho, mas há quem diga que ele somente visitou mas não teve coragem de percorre-lo.
A partir deste momento esta prateleira suspensa foi batizada de Caminito del Rey. Mas com o tempo, especialmente após a dissolução da hidroelétrica, a rota foi abandonada, sem qualquer manutenção. Com isso a estrutura ficou comprometida, tendo vários desmoronamentos em alguns trechos.
E hoje?
Atualmente o Caminito del Rey é uma rota turística, não sendo usada mais por operários. O local é gerenciado pelo órgão de mesmo nome, foi reformada e reinaugurada no início do século XXI.
Após a morte de quatro turistas, por conta de dois acidentes, nos anos de 1999 e 2000, respectivamente, o governo da Espanha fechou o caminho à visitação. Somente em 2011, o governo da Andaluzia entraram em um acordo para custear a obra e restaurar o trajeto.
Na remodelação foi construído um estacionamento, iluminação e museu. Ao todo foram gastos de € 9 milhões e durou aproximadamente três anos e foi reaberto em março de 2015.
Nos últimos anos, antes de sua reforma, tinha ganho o apelo de trekking mais perigoso do mundo. Os visitantes e população local avisavam que somente os mais valentes conseguiam fazer todo o percurso.
Curiosamente a estrutura da prateleira suspensa era em madeira, atualmente, após a reforma é toda em concreto, com guarda-corpo e até mesmo um cabo de aço usado da mesma maneira que uma via-ferrata.
Mais informações: http://www.caminitodelrey.info
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.