Bebidas vegetais: Uma análise mais profunda sobre esta nova moda dietética

Para todo e qualquer atleta, manter o peso é um objetivo do dia a dia. Além do treino, o acompanhamento de uma nutricionista e da implementação de uma alimentação que seja correspondente à atividade exercida é fundamental para o bom rendimento de qualquer atleta. Da mesma maneira que não se vê nutricionistas recomendando treinos físicos a alguém, o mesmo não deveria ocorrer com educadores físicos com relação à alimentação.

Mesmo não sendo atleta, ao decidir incluir em sua alimentação produtos vendidos como “saudáveis”, baseando-se apenas uma uma espécie de dualidade, a qual demoniza uma certa alimentação em detrimento da outra. Em termos de alimentação a generalização conduz a alguns equívocos como, por exemplo, a da importância do leite na dieta do dia a dia. O leite foi escolhido como exemplo por um motivo simples: é o alimento mais demonizado por muitos generalistas, tratando-o como um verdadeiro veneno. O que, obviamente, é uma regra que não se aplica a todos os indivíduos do mundo.

Entretanto, este artigo não é para atacar, ou defender, o leite. Um outro exemplo: todos nós sabemos que o consumo de álcool, especialmente as bebidas destiladas, não faz muito bem ao organismo, mas mesmo assim é consumido largamente pela população. Muitos não consomem leite, mas consomem o queijo, que é um derivado do leite. O leite também é usado largamente na culinária. Portanto, o leite não deve ser encarado como um “líquido venenoso”, como alguns militantes de alguma linha de filosofia alimentícia procurou alardear nos últimos anos. Como o organismo de cada indivíduo é único e se comporta de uma maneira diferente, é necessário saber as peculiaridades deste para estabelecer um juízo de valor definitivo.

Mas de muitos nutricionistas estabeleceram para seus pacientes que era necessário consumir bebidas vegetais, para completar uma dieta alimentar. Por conta desta recomendação, aliado à modinha da “demonização de leite e produtos animais”, alguns produtos acabaram ficando disponíveis para o púbico nas prateleiras do supermercado. Porém muitas pessoas acabaram consumindo este produto de maneira indiscriminadamente e, pior, sem qualquer orientação de um nutricionista. Um erro tão perigoso para a saúde quanto alguém se auto medicar.

O que são bebidas vegetais

Segundo o governo brasileiro, os alimentos e bebidas preparados com vegetais são regulados por duas resoluções. Estas resoluções são realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), uma agência reguladora sob a forma de autarquia de regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, que estabelece regulações a respeito de alimentos:

  • RDC nº 272, de 22 de setembro de 2005
  • RDC nº 218, de 29 de julho de 2005

Um ponto importante na hora de escolher a bebida vegetal é verificar sua composição. O ideal é que não seja adicionado aditivos (adoçantes, corantes, aromatizantes ou conservantes), para que elas se mantenham o mais natural possível. Se o objetivo é obter uma bebida saldável, não tem muito sentido optar por adição de elementos que não agrega isso ao organismo.

Também é importante estabelecer que o “leite vegetal” é uma nomenclatura errada. O correto é “bebida vegetal” ou “extrato vegetal”, uma vez que é um extrato produzido a partir de alimentos como soja, arroz, aveia, coco, amêndoas, nozes, castanhas e até inhame.

O mais comum das bebidas vegetais são as de soja, arroz, amêndoas e aveia. Nos EUA, o leite de amêndoa possui 64% de participação no mercado. No Brasil, a Coca-Cola lidera esse mercado, com 57,2% de participação.

Calorias e nutrientes

Valores por 100 ml Leite de vaca Bebida de amêndoas Bebida de Aveia Bebida de Soja Bebida de Arroz
Calorias 62 27 40 39 49
Proteínas 3,3 0,5 1,3 3,1 0,2
Gordura 3,3 1,2 0,9 1,7 1
Carboidratos 5,5 3,4 6,3 2,4 9,7

A partir da tabela acima é necessário lembrar uma coisa. Como dito no início do texto, o que é bom para um indivíduo com um determinado organismo, não necessariamente é bom para um outro. Ao consultar com vários nutricionistas para fazer este artigo uma coisa ficou bem clara: não há receita de bolo na nutrição. Cada caso deve ser analisado com detalhe e nas suas peculiaridades.

Portanto, analisando a tabela acima:

  • O leite de vaca possui alto teor de gordura. Mesmo que este seja o principal argumento contra ele, também é um ponto a favor. A gordura láctea está associada a múltiplos benefícios para a saúde, como afirmam alguns estudos científicos. Estes benefícios, claro, não são encontrados nem no leite desnatado nem mesmo nas bebidas vegetais.
  • A bebida de arroz é a mais alta em carboidrato e, por isso, a mais baixa em proteína. Este aspecto pode ser encarado, em vários casos, como uma grande desvantagem para quem deseja perder peso.
  • A bebida de amêndoas também possui baixo teor de proteína. Mesmo assim é considerada a mais indicada para quem deseja perder peso com qualidade.
  • O leite de vaca possui alto teor de proteína, seguido de perto pelo leite de soja. O leite de soja possui propriedades bastante semelhantes ao leite de vaca, mas com menor teor calórico.
  • As bebidas vegetais, em sua totalidade, possuem menos calorias que o leite de vaca.

Lembrando que nem todas proteínas são iguais e, por isso, são metabolizadas de maneira diferente pelo organismo. O mesmo ocorre com as calorias, carboidratos e gorduras. Entretanto é necessário analisar também os micronutrientes. Os fabricantes, junto de toda a equipe de marketing que possuem, tentam posicionar as bebidas vegetais como substitutos do leite adicionando nutrientes sintéticos. Mas o corpo humano percebe esta diferença entre nutrição real e de laboratório.

O leite de vaca, por exemplo, possui vitamina D3, de origem animal, que é a mesma que é sintetizada pelo organismo no sol. Já as bebidas vegetais são enriquecidas com vitamina D2, de origem vegetal, que é menos efetiva segundo estudo que comparou suplementação de vitamina D2 e D3 no organismo. Um outro estudo verificou a importância e a absorção de vitamina D pelo corpo humano na mortalidade de adultos, e também verificou esta distinção do organismo humano.

Ou seja, um alimento pobre reforçado sinteticamente, não se converte em um alimento rico. Portanto, as bebidas vegetais são nutricionalmente não tão ricas quanto no rótulo promete. Um fenômeno semelhante a outros produtos para café da manhã. Lembrando que uma dieta hipocalórica (ou seja, com poucas calorias) mas rica em pão e massas, além de outros cereais, uma bebida de arroz pode ser um problema.

Bibliografia

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