Alta Montanha: Um sonho ou uma realidade possível?

Antes de tudo é preciso querer.

Isso é fundamental.

Diria que “o querer” aliado a determinação condizem a mais de 50% de todo o processo, com toda certeza.

Mas algo que posso lhes dizer,  a priori, é que é plenamente possível, a “qualquer um”, escalar uma alta montanha e sou um exemplo disso – uma pessoa normal como qualquer outra, no sentido de que não sou atleta profissional e não possuo patrocínio para viver disso.

Basicamente tudo se inicia tal como a maioria dos sonhos, apenas no plano das ideias.

O que há de ser feito é um planejamento  de execução e realização do sonho, a busca por transformá-lo  em realidade. Simples assim.
Mas como?

1º: Acredito que uma pesquisa “bibliográfica” seja essencial

Entenda-se por lerem e pesquisarem MUITO. Inclusive (isso é imprescindível) conversarem com o maior número de pessoas mais experientes possível, pois desta maneira você se situará diante do que “realmente” é uma alta montanha. Aprenderá muita coisa (na teoria, e algumas na prática, vide dar nós com um cordelete em casa), escutará dicas importantíssimas, etc. Em suma, começará a entender que o “buraco” na alta montanha é mais embaixo.

2°: Planejamento de custos

Esse ponto é chave para nós “simples mortais”.

Pensa-se que os custos de uma expedição/escalada em alta montanha são  exorbitantes (um “esporte de playboy”), mas posso lhes dizer que definitivamente não o são (sou estudante e trabalhava meio período pra levantar verba para Expedição Pachamama).

Tudo é variável, quando refere-se a custos. Se resolver escalar o Everest, bom, existem pacotes fechados (“a lá CVC”) que saem facilmente em torno de 50Mil Dólares (algo hoje, em torno de 100Mil reais), logo, uma escalada absurdamente cara e para poucos.

Em contraponto, uma infinidade de montanhas na Cordilheira dos Andes (que vai do Sul do Chile/Argentina até a Venezuela) encontram-se passíveis de serem escaladas (com algumas montanhas virgens inclusive) e que além de estarem muito mais próximas a nós brasileiros possuem custos baixíssimos se comparados ao Himalaia, Europa entre outros.

Um exemplo de custo nos Andes é o Huayna Potosi, com seus 6088 metros de altitude, que pode ser escalada a “míseros” 100 Dólares (meus caso), isso incluindo um guia e todas as taxas locais. E está é apenas uma das facilidades dos Andes.

Mas o que entra dentro do planejamento de custos além disso?

Prepare-se para gastar uma boa quantia com equipamentos técnicos, pois são eles que vão “salvar a sua pele” (evitar congelamento de extremidades, por exemplo).

Porém vale lembrar que tais equipamentos (muitos deles) são passíveis de serem alugados, mas se for um item que irá utilizar posteriormente (anorak, calça impermeável, capacete, meias, etc) recomendo a compra (de preferencias no exterior, devido a maior qualidade de equipamentos e preços infinitamente melhores), pois assim evitará algumas dores de cabeça, por exemplo um crampon arrebentando no meio da escalada em pleno glaciar, como no meu caso.

No entanto, para tudo há uma maneira alternativa até certo ponto, ou seja, não irá morrer ou deixar de escalar se não tiver o melhor anorak do mercado.

Outro ponto é o custo com guias e cursos, que são de grande relevância para os novatos, pois eles lhe ensinarão, na prática, diversos conhecimentos além de lhe preparar melhor. Mas apenas o fato de estarem com um bom guia  por perto, já pode evitar possíveis enrascadas.

Vale lembrar ainda dos custos logísticos, inerentes a qualquer viagem, como passagem de ida-volta, alimentação, hospedagem, translados, etc.

E ainda os custos com seguros, tanto de viagem como de equipamentos fotográficos, que são fundamentais neste tipo de viagem.

3°: A preparação física deve ser levada a sério.

Treine, treine e treine mais um pouco, pois quão melhor fisicamente estiver, mais a montanha lhe respeitará, se aliado a isso você tiver um bom preparo psicológico (vamos falar disso em seguida).

Meses antes de minha empreitada, a Expedição Pachamama, que teve início (plano das ideias) no final de janeiro de 2012 e realização em julho do mesmo ano, comecei a treinar mais a finco em meados de março.

Academia, corrida, trekkings, caminhadas com cargueiras carregadas, escadarias, etc. Tudo tentava encaixar visando o objetivo final, a escalada.

4° Por último, porém o fator mais importante, o preparo psicológico.

Sem ele você não será nada e não irá passar da caminhada de aproximação ou dos perrengues do acampamento base (pegar -10°C dentro da barraca é um exemplo de adversidade que passei).

Acredito que todos os anteriores irão aos poucos lhe preparando o seu psicológico, e a forma com que você lida com seus limites, por isso a importância destes “passos” anteriores no sucesso de sua escalada a uma alta montanha.

Mas há ainda se levar em conta a questão familiar (quase deixei minha mãe e minha namorada loucas com está historia de escalar) e acima de tudo a sua capacidade de lidar com as adversidades, com o improviso.

Enfim, lidar com a fuga de sua zona de conforto.

Definitivamente estes são os passos básicos que recomendo serem dados (que não necessariamente devem ser seguidos a risca, mas que queira ou não queira, irão passar por eles se decidirem por fazer isso “direito”), mas cada um deles abre um mundo completamente extenso, o qual pretendo abordar numa série de mais 4 artigos, um sobre cada etapa elencada, porém mencionando detalhes e exemplos práticos, clareando assim todo o processo.

Por fim, diria que não é fácil, no entanto, plenamente possível.

Para saber mais consulte:
http://spaceinmovement.com/category/expedicoes/pachamama/
http://spaceinmovement.com/2012/03/expedicao-pachamama/
https://blogdescalada.com/quanto-custa-uma-escalada-de-alta-montanha-para-iniciantes/

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