Armazenamento e manuseio de alimentos para praticantes de trekking

Armazenar e manusear alimentos com segurança quando estiver na montanha, é a chave para manter todos saudáveis e seguros. Uma boa alimentação ajuda não somente a ter força física, mas também a possuir boa capacidade de raciocínio e lucidez na tomada de decisões.

Quem já teve problemas com intoxicação alimentar (que pode durar geralmente de 1 a 10 dias), ou mesmo uma diarreia, por causa de comidas preparadas, ou armazenadas, de maneira imprópria em um camping, hiking ou trekking, sabe a importância de saber guardar corretamente os alimentos. Considere que a comida deve ser de 25% a 30% do peso total da mochila.

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As técnicas de manipulação de alimentos não são apenas a chave para se manter saudável, mas a última coisa que alguém quer durante uma viagem, é perceber que metade do seu suprimento de comida está ruim ou foi perdido por algum acidente.

Aqui mesmo na Revista Blog de Escalada, há diversos artigos sobre alimentação no trekking e camping. Em todos eles, entretanto, não há uma abordagem profunda de como fazer o correto armazenamento e manuseio. Este artigo é uma tentativa de preencher esta lacuna.

Alimentos não perecíveis

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A diferença entre os alimentos não perecíveis e os perecíveis é que, se forem armazenados de forma correta, os não perecíveis mantêm sua qualidade para consumir por mais tempo em comparação aos perecíveis.

Por este motivo, muitos praticantes de trekking apelam para alimentos não perecíveis, podendo ser guardados por períodos longos e com menores dificuldades quanto à conservação. Os alimentos que têm mais durabilidade são os mais secos, ou seja, que têm pouca água em sua constituição. Entretanto, alimentos que são desidratados (como as frutas desidratadas) ou em conserva (como as salsichas e as azeitonas) também são não perecíveis e duram por mais tempo.

Mas os alimentos chamados de não perecíveis também perdem a validade e podem estragar. Portanto, é imprescindível observar a data de validade de qualquer produto que for colocar na mochila. São considerados alimentos não perecíveis sal, café, açúcar, macarrão, pipoca, farinha, leite em pó, biscoitos, vinagre, arroz, feijão lentilha, grão-de-bico, achocolatados em pó, temperos secos, óleo e mel.

Porém, o cozinheiro outdoor mais atento irá observar que acima a definição de alimentos não perecíveis é que têm pouca água em sua constituição. Portanto, para cozinhá-los será necessário adicionar água, demandando um certo rendimento do seu fogareiro. Portanto, ao mesmo tempo que escolher o seu cardápio na montanha, verifique se o seu equipamento de cozinha irá suportar.

Como alimentos não perecíveis têm pouca água em sua constituição, também irá exigir que tenha certa quantidade de água à sua disposição. Portanto, verifique se o lugar no qual estiver tenha a possibilidade de abastecimento de água. Caso contrário, após cozinhar poderá ficar sem água para o restante de seu hiking ou trekking.

Proteção

Para guardar comida na mochila, muitas pessoas utilizam sacos plásticos. Preferencialmente os com fechamento na abertura, como os modelos “ziploc”, porque são embalagens reutilizáveis. Desde que foi desenvolvido em 1968 tem o objetivo de diminuir a quantidade de embalagens plásticas. A principal vantagem deste tipo de equipamento é seu fechamento, que evita com relativa eficiência vazamentos de qualquer alimento dentro da mochila.

Para quem deseja armazenar comida de maneira mais eficiente, os recipientes do tipo Tupperware são as preferidas entre os mochileiros, sobretudo os tamanhos menores. Desde que foi criada em meados da década de 1940, é uma das escolhas mais populares para quem pratica trekking, hiking e escalada. Como também é reutilizável e possui boa vedação, é uma opção interessante para quem deseja proteger o alimento de qualquer choque mecânico que possa acontecer dentro da mochila.

Entretanto, alguns praticantes de trekking, um pouco menos preocupados com o meio ambiente, insistem em utilizar as próprias embalagens plásticas dos alimentos, que os supermercados disponibilizam para exibir nas gôndolas. Estas embalagens, além de não serem reutilizáveis, muitas vezes são descartadas na própria trilha.

Uma outra desvantagem destas embalagens plásticas dos alimentos, que os supermercados utilizam para exibi-los nas gôndolas, é que não provê segurança para os alimentos dentro da mochila, sendo também suscetíveis a choques mecânicos e a vazamentos.

Manuseio

Foto: Austin Siadak e Elise Giordano | https://www.outdoorresearch.com

Pode parecer bastante óbvio, mas ao manusear os alimentos, especialmente no momento de cozinhar, procure lavar as mãos. Claro que, como explicado acima, existem momentos de que não há água suficiente para cozinhar, lavar as mãos e hidratar-se posteriormente. Por isso, caso não seja possível lavar as mãos, procure utilizar alguma maneira de retirar o excesso de sujeira que por ventura esteja nas mãos. Para cortar e preparar os alimentos, procure verificar se estes utensílios também estão limpos.

Algumas pessoas, já mais prevenidas, preferem levar um pequeno frasco com álcool em gel para desinfetar a mão no momento de manipular os alimentos. Além disso, este álcool em gel também auxilia para limpar, ao menos superficialmente, utensílios de cozinha.

Na preparação de seus alimentos, um bom segredo é possuir canivetes com lâminas grandes (sem ser necessariamente uma faca dobrável). Como já explicado aqui, um dos melhores amigos do cozinheiro outdoor, assim como todo e qualquer praticante de trekking, é o canivete de múltiplas funções (conhecido como canivete suíço).

Dentre os modelos disponíveis no mercado, há alguns que possuem lâminas maiores que os modelos clássicos. Pode parecer apenas um detalhe, mas faz uma grande diferença no momento de cortar ingredientes como cebola, cenoura, alimentos fermentados, pimenta, etc.

Durante o preparo e após a refeição, não jogue nada fora. Por mais que seja orgânico a sua comida, deixar qualquer coisa que utilizar no meio ambiente é poluí-lo. Além disso, animais roedores, como ratos, ratazanas e outros, podem vir “visitá-lo” à noite para comer aquele resto que deixou jogado. Mesmo sendo orgânico (como restos de cebola, cascas de frutas, etc), coloque em um saco plástico (preferencialmente vedado) e leve-o com você.

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