Acidente durante escalada em Nova Friburgo-RJ levanta polêmica com escaladores

No final de semana um grupo de escaladores da região de Nova Friburgo-RJ, cidade distante 140 km da capital do estado, durante uma escalada na Face Leste do Pico Maior de Friburgo sofreram um acidente por causa de uma proteção que se rompeu. Um escalador, que fazia parte de um grupo formado por cinco pessoas, caiu e fraturou o tornozelo.

De acordo com relatos de escaladores coletados pela reportagem da Revista Blog de Escalada, o corpo de bombeiros foi acionado par ao resgate (tanto resgate terrestre, quanto por helicóptero). Por causa do forte vendo que fazia no local no horário, o resgate teve de ser adiado, obrigando o grupo a pernoitar no cume.

Foto: André Rodrigues | reprodução facebook

Após o resgate, o escalador foi tratado no hospital e não corre risco de vida, nem de que fique com qualquer sequela do acidente. De acordo com os montanhistas envolvidos, a proteção que se rompeu foi instalada pelos conquistadores na década de 1970.

Em declaração em listas de discussão e redes sociais, muitos escaladores questionaram a federação do estado por não fazer a manutenção das vias do local. A região onde fica o Pico Maior de Friburgo (2.366 m) é considerada a meca de escalada tradicional no Rio de Janeiro e uma das principais do Brasil do Brasil. O local é conhecido popularmente como “Salinas”.

Foto: André Rodrigues | reprodução facebook

Após o acidente, muitos questionaram sobre a obrigatoriedade, ou não, da federação carioca de montanhismo e escalada em realizar manutenções em proteções de escalada.

O motivo alegado pelas pessoas que debateram negativamente sobre o acidente, assim como das obrigações das federações, foi de que muitas das vias abertas no estado do Rio de Janeiro datam da década de 1970 e 1980. Na discussão muitos afirmam que se as entidades de cada estado possui a obrigação de manutenção das vias de escalada. A polêmica se estendeu a todas federações que fazem parte da CBME.

Muitos dos escaladores que contestaram as obrigações da federação de seu estado, seja por mensagem em listas de discussão ou grupos de whatsapp, seja por redes sociais, não fazem parte de nenhuma ou sequer fazem parte de algum clube de escalada.

A Face Leste é uma das escaladas mais tradicionais dos Parque Estadual dos Três Picos, a via foi conquistada em 1974 e possui 700 metros de parede e graduação 5 V (6sup A0) E3. O Centro Excursionista Rio de Janeiro (CERJ) afirmou, por meio de comunicado em redes sociais, que irá realizar a manutenção da proteção.

Para maiores informações: https://www.facebook.com

There are 7 comments

  1. Doca

    Todo mundo discutindo a questão errada. Manutenção sempre será um problema, ninguém quer escalar montanha para fazer manutenção, sabemos disso. Não foi falta de manutenção que causou o acidente, há falta de manutenção em muitas escaladas, e nem por isso estão acontecendo acidentes em todas elas. O acidente aconteceu porque o escalador não pode VER que o estado da haste da chapeleta que sustenta o peso ou o impacto era podre. A chapeleta tem esse defeito intrinsecamente perigoso, você NÃO VÊ o que está por trás da chapa! Um grampo de 1/2″ pode ser inspecionado e o escalador pode decidir se para ali ou prepara uma ancoragem de outra forma. A decisão é consciente e só isso é suficiente para reduzir o risco de acidente. A velha máxima, é melhor escalar sem corda do que com uma corda de varal. As chapeletas no nosso ambiente corrosivo são um PERIGO e os acidentes vão continuar. Não é uma questão de se vão acontecer, é apenas quando e onde. É um ERRO crasso, uma imitação cultural dos brasileirios trocar nosso muito seguro grampo-P por chapeletas cegas. Não quero ser boca-de-sapo, mas os acidentes virão se continuarem com essa internalização de hábitos e costumes do hemisfério norte sem o devido estudo e comparação com as técnicas usadas aqui.

  2. Philippe Lobo

    Podemos aproveitar a ocasião e por a questão na mesa em busca de soluções.
    O fato é que as vias precisam de manutenção. Seria inteligente para qualquer escalador pensar sobre isso e procurar, em espírito colaborativo, um meio de melhorar a forma como é feito.
    Talvez as federações ou clubes possam criar fundos destinados especificamente para isto e incentivar o trabalho dos escaladores que se dispuserem a fazer a manutenção. A grana poderia ser levantada junto a patrocinadores, em competições, encontros, croundfounding, projetos, etc. Poderiam ainda criar uma planilha com todas as vias cadastradas na sua região informando todas as manutenções feitas, aquelas que estão a mais tempo sem manutenção e ainda aquelas em que há problemas relatados como peças soltas ou algo do tipo e divulgar em portal próprio para isto.
    Para os escaladores novatos como eu, ver este tipo de organização seria uma ótima rasão para me filiar a alguma associação, federação ou clube. Veja, não se trata de cobrar algo, apenas procurar soluções. Só ouço falar de federações em notícias sobre campeonatos, muitas vezes uma brigando com a outra.
    Com essa coisa olímpica agora o foco está muito na competição e a escalada tradicional segue como algo marginal. Pode até ser uma característica própria da escalada de aventura e tradicional, mas os tempos mudam e poderíamos melhorar nossa organização.
    Vejo manutenções em vias esportivas feitas aqui na região do Carste em Lagoa Santa – MG sempre por iniciativa dos próprios conquistadores ou zeladores dos picos e com recursos próprios.
    Há ainda a questão delicada de que a capacidade de executar uma manutenção exige alto grau de conhecimento, não somente de como fixar uma chapeleta ou grampo, mas até mesmo da preservação das características da via. Talvez por isto alguns conquistadores defendam suas vias impedindo que outros escaladores realizem manutenções.
    Levantar esta questão agora é importante para amadurecer a visão que a comunidade tem e melhorar a organização.
    Afinal é do interesse de todos e seria bom que deixássemos de lado a postura defensiva ou acusatória e agir como membros de uma mesma comunidade. Somos escaladores.

    1. Luciano Fernandes

      Jhonatan

      Como ficou muito claro o que aconteceu, como uma chapeleta romper, não havia muito o que masturbar o assunto a não ser detalhar o assunto. No texto, como foi explicado em outro comentário, o objetivo foi além de relatar o acidente, também mostrar que muitas pessoas que sequer fazem parte de nenhuma federação ou clube opinam sobre o que eles deveriam fazer. A polemica é esta: não fazer nada e reclamar que aquilo que não faz parte tb não faz.

      Abs

  3. Inacio

    É comum ver escalador falar que as associações e federações são obrigadas a regrampear, mas o difícil é encontrar escalador que queira colaborar, se associar e pagar as anuidades. Na Itália, na França, na Argentina e no Chile, nos lugares onde visitei, as associações fazem excelente manutenção das vias, dos picos, das condições e políticas de acesso, muitos escaladores são associados e participam, sejam diretamente ou indiretamente. Associações e federações fortes têm dinheiro, patrocínios de empresas e poderes públicos, e possibilidade de fazer o que os escaladores desejariam, abrir picos e vias e dar manutenção, mas para isso, os escaladores devem fazê-las fortes associando-se. Simples assim.

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