O descontentamento via Instagram do escalador Jakob Schubert, que já se tornou viral, a respeito do critério para a abertura de vias na competição mundial recentemente realizada em Vail (observe sua queixa no final do texto) levantou um ponto interessante. Mas este problema já é discutido já faz uns dois anos e, na minha opinião, parece que seja mais explícito quando um atleta de renome deixa uma queixa.
Atualmente os problemas de boulder se distanciam da realidade da rocha. Desafios como sair pulando igual a uma competição de TV como American Ninja Warrior, às vezes de agarra em agarra, para mim parece mais uma destreza circense do que um escalador resolvendo um problema de “escalada de boulder”.
A verdade é que este tipo de movimento em rocha não é encontrado nunca (nunca MESMO), pois nunca há ninguém que faz desta maneira.
Os problemas de boulder com mega-volumes e em linhas verticais passa pelo mesmo problema. Pessoalmente ver escaladores subirem sem usar praticamente as mãos, me parece algo artificial. Faltaria somente que enquanto fizerem boulder também terão de fazer malabarismo com três bolas.
Mas esta tendência exagerada segue um estilo que não é novo. Por isso nada melhor do que analisar o que passou com isso no passado. No início dos anos 2000, antes do IFSC, os campeonatos de boulder fizeram grande parte das competições de escalada no mundo. Nestes anos houve uma forte tendência a estimular os movimentos dinâmicos com voos espetaculares. Aqueles anos as queixas eram similares à de Jakob Schubert. Muito circo e pouca escalada.
Claro que daquela vez os route setters pensavam que os escaladores eram trapezistas de circo. Um escalador sem muita técnica, e sem muita força nas mãos, podia ganhar um campeonato se haviam saltos igual a um Gibão durante a competição.
Nos campeonatos há uma tendência de estilo que é sempre seguida, mas deveriam ser mais perto do que se pretende o que é uma escalada. Para, desta maneira, ver quem é o melhor escalador que, de fato, escala uma via ou boulder. Suponho que a escalada indoor ainda tenta ser uma simulação, ou uma analogia, do que existe na rocha. Quem é mais fanático por escalada em rocha (não necessariamente purista) agradece e entende a alegria quando um boulder difícil de fato é encadenado.
Por isso espero sinceramente que não haja interesses criados para que a competição atraia pessoas não escaladoras. Por isso com movimentos circenses coloca o público mais entendido desinteressado. Lebrando que o público entendido em escalada, ainda, é a grande maioria.
Jakob Schubert
Com respeito à queixa de Jakob Schubert aproveito para divulgar sua palavra:
“Três dos cinco boulders eram somente de equilíbrio e somente um era de força e diedro. Alguém diria que é um novo estilo de boulder, mas na minha opinião é apenas um route setter ruim. O boulder deve ser unicamente colocar-se em pé. Quando termino a classificatória e sente que nos boulders nem se cansou, começa a sentir-se mal..
Gosto de lutar nos boulders e sentir a tensão. Seguramente que, na minha opinião, os boulders de equilíbrio são parte de um jogo, mas não deveria ser o mais importante. Regletes, abaulados, pinças, passadas largas, campus, saltos, coordenação, arestinhas, calcanhar, força-resistência… Há tantas coisas que exitem e que, por isso, me encanta este esporte.
Para ser justo, era difícil para os route setters, porque o muro de escalada em Vail não é grande coisa e fizeram um trabalho muito bom, tanto nas semifinais quanto na final. Mas quero dizer em voz alta a todos os equadores que sejam um pouco mais diversificados no futuro, em todas etapas. Especialmente nas classificatórias. Não acredito que tenha existido tanta aleatoriedade em todas as etapas de classificação que tenham sido boas para o esporte. Não deve haver somente regletes, nem somente volumes, muito menos equilíbrio. Ultimamente é encontrado uma dinâmica de enormes volumes que parecem divertidos, generalizando o uso deles, haverá uma mescla de tudo o que, na minha opinião, seria melhor.
O estilo de muitos boulders nunca terão nada a ver com a escalada em rocha, o que se pensar isso seja bom ou ruim é uma questão pessoal. Mas na minha opinião, alguns boulders são absolutamente divertidos, mas não acredito que devemos esquecer as origens deste esporte!
Tradução autorizada de: http://rocanbolt.com
Gonzo Rocanbolt é chileno, médico, escalador e indiscutivelmente uns dos mais completos autores de artigos sobre treinamento de escaladores existentes no mundo. Respeitado em todo o mundo é o organizador do Simpósio de Medicina de Montanha no Chile e palestrante de eventos de escalada no Chile, Argentina e Espanha
Cadê o link do vídeo?
Oi Beto
O tradutor se confundiu com a palavra “queja” (queixa em espanhol) com queda. E acreditou que existia um vídeo. Esta parte do texto já foi arrumada.
Abs