Existem pessoas que parecem ser alimentadas por energia atômica.
Pessoas que estão sempre fazendo milhões de atividades, além de ter o pensamento e planejamento em outras milhões de coisas que poderia fazer.
Carol Emboava é assim.
O diferencial de Emboava é que maioria das de suas idéias e planos a se fazer na natureza é interessante.
Sempre sorridente e ativa, Carol é hoje um exemplo a se seguir.
Nunca está acomodada e sempre procurando fazer suas idéias amalucadas tornarem realidades.
Carol Emboava irá percorrer por um ano parte da América do Sul de bicicleta, em uma viagem que promete render muita visibilidade a ela em 2013 e 2014.
O Blog de Escalada procurou Carol para uma conversa para que ela contasse maus detalhes de sua mega-aventura.
O que é ter um estilo de vida outdoor?
Mais do que praticar esportes outdoor, penso que é você se sentir parte do meio em que está inserido, não fazendo nesse espaço o que você não faria dentro da sua ou da casa de um amigo.
Deixar lixo, fazer fogueira, colocar o celular com música alta incomodando seu vizinho de barraca.
Todas essas coisas estão na contramão do estilo de vida outdoor.
Na sua opinião o que pode ser feito para que as pessoas do nosso estado tenha mais cultura de contato com a natureza?
Acredito que o primeiro passo é dar valor para as belezas naturais próximas de nós!
Toda cidade tem uma cachoeira linda, uma montanha pra ver o nascer do sol, um mirante com aquele visual incrível, uma estradinha de terra escondida naquele bairro afastado, onde da pra passar horas pedalando…
Muita gente pensa que pra ter contato com a natureza tem que viajar, ir pra longe, gastar dinheiro, mas é só abrir os olhos e ficar mais atento para a natureza que nos cerca.
Como surgiu a sua idéia de sair pedalando pela américa do sul?
Há 12 anos comecei a pedalar com foco nas cicloviagens, mas uma cirurgia no joelho me tirou de cima da bike e comecei a me interessar pelo montanhismo.
Em 2012 dei umas pedaladas e me apaixonei de novo, não demorou nada pra que eu comprasse a minha bike e os planos voltassem a me “atormentar”.
Como estava numa fase de transição no trabalho, decidi me dar umas férias antes de me iniciar um novo projeto, que iria consumir muito do meu tempo. Era hora de colocar os antigos planos em prática.
Como está sendo feita a logística e sua preparação para esta aventura?
Defini um roteiro, mas não todos os passos dele.
Quero deixar bem aberto para as possibilidades do caminho. Se decidir ficar por um dia ou mais em algum lugar, fico.
Se decidir pedalar bastante no outro, pedalo.
Se decidir conhecer melhor uma região, conheço.
Tudo está sujeito a mudanças, mas o rolê será descendo de Curitiba ao Ushuaia e subindo até o Peru, bem resumidamente é isso.
Já a preparação da pra separar em duas, física e financeira.
Tenho pedalado quase todos os dias, não são distâncias absurdamente grande, pois não pretendo fazer isso nem na viagem, quanto mais nos treinos.
Mas é um treino que permite com que eu me mantenha bem condicionada até a data de partida.
Algumas pequenas viagens estão programadas para os próximos meses, tanto para teste de equipamento, quanto para verificar meu condicionamento físico.
A preparação financeira exige tanto (ou mais) disciplina quanto a parte física.
Ficar um ano sem trabalhar e com todos os gastos de uma viagem não é nada fácil. Raspa daqui, economiza dali, guarda de lá, e por aí vai.
Você, como educadora física, também irá acompanhar suas modificações físicas no decorrer da viagem?
E acredito que não serão poucas essas mudanças.
Com o dia-a-dia de trabalho é difícil conciliar os treinos, mas na estrada a história será outra. Sem a “desculpa” das obrigações, pedalar será a minha ocupação.
O condicionamento físico deve melhor aos poucos e isso será ótimo, pois a parte mais dura da viagem começa na Patagônia Argentina, quando eu já estiver uns 2 meses de estrada.
Para uma mulher, não considera perigoso este tipo de desafio?
Eu considero perigoso pra qualquer um, homem ou mulher.
Assim como considero perigoso pedalar na cidade, nesse trânsito caótico onde compartilhamos a pressa de motoristas inconsequentes e motociclistas malucos.
Assim como considero perigoso andar na rua e ser assediada por homens sem noção, como escalar e poder se machucar, subir montanha e torcer o pé, fazer trilha e poder ser picada por cobra ou ficar em casa e ligar um aparelho na tomada.
Viver é perigoso, seja onde for!
É claro que tenho plena consciência que ser mulher estar sozinha aumenta os riscos numa viagem dessa, mas não estou focada nisso.
Tanto porque se fosse deixar o medo tomar conta dos meus pensamentos não sairia de casa.
Esse sentimento é importante para que eu não me torne inconsequente, mas não pode ser maior do que a minha vontade de ir.
Qual serão os equipamentos usados por você nestes próximos 12 meses?
Além da bike, que será meu meio de locomoção na viagem, outro item super importante são os alforjes, bolsas que vão presas às rodas, e onde levarei todo meu equipamento.
Que inclui basicamente barraca, saco de dormir, isolante térmico, roupas, câmera, kit primeiro socorros, kit de ferramentas, kit de cozinha e algumas poucas peças de reposição para a bike.
Essa viagem exige um bom desapego material, como terei que carregar tudo que vou usar durante um ano todo, não da pra levar muitos itens, nem muito peso.
Como os interessados podem acompanhar você no decorrer da viagem?
Através do site Giramérica ( www.giramerica.com ), onde postarei o diário de viagem e da Revista Aventura & Ação, parceira da viagem, que publicará matérias exclusivas enquanto eu estiver na estrada.
Quais são as expectativas para a sua volta?
Ainda não defini muito bem a minha volta.
Ficar um ano fora é se sujeitar a muitas mudanças, internas e externas.
Pretendo escrever um livro sobre a viagem e fazer uma exposição de fotos.
De resto, primeiro vou deixar a viagem acontecer pra depois pensar no futuro.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.
Carol, casa comigo! :-)
Brincadeiras a parte, boa viagem e boas pedaladas!
Vai de rede que economiza peso e tem a praticidade de armar onde bem desejar. Boas pedadaladas.